quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Aumentou o uso de agrotóxicos em Rondônia

Rondônia apresenta aumento de recolhimento de embalagens de agrotóxicos
O Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias de Agrotóxicos (InpEV) informou que, entre janeiro e julho deste ano, foram recolhidos 136.104 quilos de embalagens vazias de agrotóxicos em Rondônia. No mesmo período de 2012, foram devolvidos 110.340 quilos de embalagens. A expectativa é que a retirada de embalagens vazias continue aumentando, acompanhando a evolução da agricultura e contribuindo com a limpeza do meio ambiente.
 
Atualmente, Rondônia possui 13 postos de recolhimento de embalagens e a Central em Cacoal, número insuficiente para atender a demanda de devolução destes vasilhames. Então para facilitar a entrega, órgãos estaduais e entidades têm realizado coletas volantes com frequência no Estado. As coletas itinerantes atendem um número elevado de produtores rurais de localidades distantes dos postos, evitam o descarte incorreto e diminuem o risco de contaminação das pessoas e do meio ambiente.

Embora o Estado tenha apresentado aumento na devolução de embalagens vazias de agrotóxicos, ainda há um grande desafio a ser vencido: a entrega de embalagens com a tríplice lavagem, prática que proporciona economia do produto e possibilita a reciclagem do vasilhame.

Na última reunião do Grupo de Trabalho que discute sobre agrotóxico, foi abordado sobre a necessidade de ações para a conscientização do produtor rural quanto ao uso correto de defensivos agrícolas e importância da devolução das embalagens devidamente lavadas. A gerente de Defesa Vegetal da Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia (Idaron), Rachel Barbosa, ressalta que a Agência vem desenvolvendo trabalhos de orientação e de educação sanitária, atingindo produtores de todo o Estado.

Nesta mesma reunião, os parceiros definiram ações para diminuir o número de recolhimento de embalagens contaminadas; regras para as coletas volantes, como o estabelecimento de datas em acordo dos órgãos e associações de revendas, com presenças de fiscal da Idaron e de funcionários da Associação para a emissão de recibo e inspeção das embalagens; encaminhamento mensal à Agência de listagem de agricultores que devolvem as embalagens laváveis não lavadas; e, execução de atividades de educação sanitária, com entrega de folhetos e realização de reuniões, dias de campo e treinamentos de funcionários de fazendas.

“O produtor rural de Rondônia já está consciente do seu dever de devolver a embalagem, mas também é preciso realizar a tríplice lavagem antes de entregar”, diz o presidente da Idaron, Marcelo Henrique Borges. Ele diz também que as coletas volantes são bons exemplos de cooperação entre entidades. “Estas ações sempre são realizadas em parceria de órgãos do Estado, dos municípios e das associações de revendas de agrotóxico e de produtores rurais. É assim que nosso governador quer que a gente trabalhe”.

Texto: Amabile Casarin
Foto: Arquivo Idaron
Fonte: Assessoria Idaron

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

O PROJETO TERRA SEM MALES

O Projeto Terra Sem Males foi concluído junto com as famílias e não tinha como ser diferente pois o mesmo só veio contribuir para que a CPT pudesse realizar  mais uma etapa de sua missão e de seus sonhos de  acompanhar e apoiar um grupo de famílias  de vários municípios  em Rondônia. Famílias que também alimentavam a vontade de desenvolver experiências em agroecologia.  Acreditamos que os objetivos e expectativas do projeto foram alcançadas, ajudar as famílias e já preparando-as para  seguirem caminhado com autonomia sua experiência produtiva.

Um projeto como este tem que ter como intenção provocar mudanças de mentalidade, mudança cultural. Somos conscientes de que o modelo de produção do agronegócio investe pesado em propaganda do seu jeito de pensar o campo brasileiro como; monocultivo, uso de agrotóxicos, e toda forma de desrespeito a natureza.

Despolpadeira construída por famílias do PTSM
no Vale do Paraíso RO
É visível a mudança no comportamento das famílias que atuaram no projeto. Houve neste período um processo coletivo de reeducação em dimensões fundamentais para uma vida mais saudável, especialmente no que diz respeito a forma de plantar e de lidar com a terra, na alimentação, na diversificação da plantação e o resgate da a participação efetiva da família  nos projetos de produção da propriedade.
Em nome de tudo que aprendemos juntos, essa nova consciência que também temos adquirido durante esse tempo do Projeto Terra sem Males, esse resgate cultural nos convenceu de que precisamos produzir nossa própria alimentação e com essa prática superar a ilusão de que a solução para o campo é o monocultivo, especialmente do gado em nossa região e também contribui com a independência financeira das famílias porque diminui essa terrível dependência do mercado.

Precisamos continuar preparando tudo isso para outras famílias, continuar com visitas, encontros para trocas de experiência, para que não se perca esta caminhada que foi tão importante na vida de tantas pessoas.  A Comissão Pastoral da Terra se compromete em continuar acompanhando e tentando viabilizar novos projetos para que para novas famílias mesmo porque entendemos o quanto é inviável o projeto do agronegócio para os pequenos agricultores e para a sociedade em geral, especialmente na Amazônia.


José Pinto de Lima

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Comitê Estadual da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos realiza Seminário.


Seminário debateu perigo dos agrotóxicos na alimentação humana. foto diário amazonia

Com o tema: Desafios e alternativas na luta contra os agrotóxicos e com Assessoria do Prof. Dr. Wanderlei Pignati da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) em parceria de várias entidades e organizações, o comitê Estadual da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos. Realiza seminário. Realização: Via Campesina (MST, MPA, MAB, CPT, CIMI) Projeto Pe. Ezequiel/Diocese de Ji-Paraná; Rede de Agroecologia “Terra Sem Males”; UNIR; IFRO; RECID; CEREST; CEPLAC

Seminário estadual debate os perigos do uso de agrotóxico
O Comitê Estadual da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida realizou nos dias 17 e 18, no Centro Diocesano de Formação-CDF de Ji-Paraná, um seminário para discutir a problemática do uso de agrotóxicos, especialmente seus impactos na saúde da população. Esteve presente o professor Wanderlei Pignati, médico e pesquisador pela UFMT. Ele foi o coordenador da pesquisa realizada com apoio da Fiocruz em Lucas do Rio Verde, cujo resultado ficou conhecido nacionalmente pela constatação de contaminação até do leite materno.
Na noite do dia 18, houve o lançamento do documentário “Nuvens de Veneno”, seguido de debate com o pesquisador Pignati no auditório do prédio A do Ceulji-ULBRA. E no dia 19, professores e alunos do Ifro-Instituto Federal de Rondônia, também receberam o professor para palestra e discussão sobre o tema.(continua)


Impactos do uso de agrotóxicos
O Brasil é o campeão mundial no consumo de agrotóxicos. Mais de um bilhão de litros são despejados todos os anos em nossas lavouras. Nos últimos 40 anos houve um aumento de 700% no uso destes produtos químicos, enquanto que a área agrícola aumentou apenas 78% no mesmo período.
O principal problema dos agrotóxicos é a intoxicação, tanto do homem quanto dos animais e do meio ambiente.

Impacto na saúde humana
A Abrasco, Associação Brasileira de Saúde Coletiva, publicou um dossiê que reúne resultados de diversas pesquisas feitas no Brasil avaliando os efeitos dos agrotóxicos sobre o meio ambiente e a saúde humana. O dossiê aponta que 14 agrotóxicos vendidos no Brasil já estão proibidos em outros países porque são suspeitos de causar danos neurológicos, mutação de genes, doenças crônicas, dermatite, desregulamentação endócrina, neurotoxidade retardada, efeitos sobre o sistema imunológico, doença do fígado e câncer.

Estudos estimam que aproximadamente 25 milhões de trabalhadores agrícolas de países pobres sofram com algum tipo de intoxicação causada por exposição a agrotóxicos. Entre 2000 e 2006, os agricultores brasileiros tiveram uma maior incidência proporcional de câncer do que a população urbana, foi o que mostrou a pesquisa realizada por Raquel Maria Rigotto, integrante do Núcleo Tramas, da Universidade Federal do Ceará.
Para as grávidas, o risco é maior. Pesquisadores apontam para as fortes evidências que ligam o contato com pesticidas a problemas durante a gestação, como problemas de desenvolvimento neurológico, defeitos de nascença, diminuição do tempo de gestação, pouco peso do bebê e a morte de fetos.
Cremilda Augusta, agricultora familiar camponesa do município de Espigão d’Oeste, estava grávida de 3 meses quando sofreu um aborto depois de passar por uma pastagem onde havia sido aplicado um pesticida. Desde então, adotou o sistema de produção agroecológico.

Impacto ambiental
Além da contaminação do solo, de lençóis freáticos, rios e lagos, o uso de agrotóxicos contribui para o empobrecimento do solo e para o surgimento de pragas progressivamente mais fortes. Outros problemas são a diminuição do número de abelhas polinizadoras e a destruição do habitat de pássaros em ambientes onde pesticidas são utilizados.

Em pratos limpos
Há 25 anos o Projeto Padre Ezequiel, um dos componentes do Comitê contra os Agrotóxicos e pela Vida, vem orientando agricultores familiares camponeses do estado de Rondônia para o modo de produção agrícola agroecológica que se refere não apenas à não utilização dos agrotóxicos, mas, à correta utilização dos recursos dos ecossistemas, de forma que combinem diversificação e rotatividade de produtos adequados e naturais ao bioma amazônico.
“Este sistema, possibilita a produção em harmonia com o meio ambiente, garante a segurança alimentar, o aumento da renda e o estabelecimento das famílias na terra”, afirma o coordenador do Projeto Padre Ezequiel, José Aparecido de Oliveira.

A solidariedade contra o privilégio
O apelo por alimento “saudável" já fisga sete entre dez brasileiros, segundo pesquisa de hábitos de compra feito pela transnacional Nielsen. De todos os gastos feitos por famílias das classes A e B, 30% são com orgânicos. 
“Os varejistas estão se aproveitando deste nicho de mercado e vendendo o produto orgânico como produto da moda. Como tem quem pague, continuam praticando preço alto”, desabafa o agricultor familiar Ananias Andrade, do assentado de reforma agrária do município de Mirante da Serra
Desafiando esta lógica de mercado agricultores familiares camponeses estão comercializando seus produtos em feiras que acontecem semanalmente em 16 municípios do estado de Rondônia. Vendem uma grande variedade de produtos por preços justos e acessíveis a todos. “Assim como nos preocupamos em produzir com qualidade para nossas famílias também nos preocupamos com a comunidade.”, explica o agricultor Carlos Alves, de Mirante da Serra.
“Através da prática agroecológica buscamos estimular uma nova forma de comercializar a produção dos agricultores camponeses. Sem explorar o outro, sem querer levar vantagem. Isto fortalece os grupos através da cooperação e da busca pelo bem comum”, ressalta o coordenador do Setor Agrícola do Projeto Padre Ezequiel, Francisco de Assis